Dança típica do estado do Pará
O carimbó é uma dança cultural da
região Norte, que teve origem no estado do Pará durante o século XVII, a partir das danças e costumes indígenas.
O nome é em homenagem ao
instrumento musical indígena curimbó, tambor artesanal utilizado em
apresentações artísticas e religiosas. A
junção de "curi" (pau oco) e "m’bó" (furado) significa em
português: “pau que produz o som".
Os movimentos giratórios do
carimbó surgiram de um típico hábito de pescadores e agricultores paraenses.
Sempre ao final do dia, após terminarem suas atividades, os trabalhadores
costumavam se reunir para dançar ao som dos tambores.
Assim como vários tipos de danças
brasileiras, o ritmo do carimbó miscigenou-se com outras culturas e recebeu a
influências africanas e europeias. O rebolado, por exemplo, é uma herança dos
negros.
A integração de outros
instrumentos à dança, como o clarinete, saxofone e flauta, é herança recebida
dos europeus, bem como a maneira de dançar com a formação de casais.
Origem do carimbó
O surgimento do carimbó é
incerto. Sabe-se apenas que o ritmo
começou a ser dançado em locais próximos aos municípios de Marapanim e Curuçá,
no estado do Pará.
O historiador Agripino da
Conceição revela que a dança surgiu em Marapanim, local onde também teria
recebido essa nomenclatura. Na região, inclusive, o carimbó é muito cultivado.
Todos os anos acontece o "Festival de Carimbó de Marapanim”. No Pará a
dança é marcante na região do estuário do Rio Tocantins, Ilha do Marajó e
nordeste do estado, onde a maioria dos grupos de carimbó estão concentrados.
No início, devido à imensidão do
estado, a dança se dividiu em três grupos: o carimbó praieiro, o pastoril e o
rural. Além disso, foram adotadas duas correntes carimbóticas: o estilo
tradicional e o moderno. O primeiro, representado pelo cantador Verequete,
manteve a sua estrutura musical com referencial marapaniense.
Já o segundo, representado pelo
cantador Pinduca, decidiu modificar a sua estrutura, acrescentando um ritmo
mais moderno. Na época, isso causou uma intensa rivalidade entre os defensores
da tradição e da modernidade. No entanto, os estilos do carimbó variam de
acordo com o tipo de atividade desempenhada em cada região. A diferença é
percebida nas rimas que são cantadas.
No ano de 1880, o carimbó foi
repreendido por forças militares e chegou a ser criminalizado do município de
Belém por ser considerado “festa de preto”. O texto da Lei nº 1 028, denominada
“Código de Posturas de Belém” dizia o seguinte:
“É proibido, sob pena de 30.000 reis de multa: (...) Fazer bulhas, vozerias e dar autos gritos (...). Fazer batuques ou samba. (...) Tocar tambor, carimbó, ou qualquer outro instrumento que perturbe o sossego durante a noite, etc”.
Contudo, esse cenário começou a
mudar em 1960, embora ainda existisse a censura imposta pela Ditadura militar
no Brasil. Belém do Pará foi a cidade de terreno fértil para o carimbó, pois
foi nessa região que a dança desenvolveu suas principais características. Com
isso, o carimbó deu início aos primeiros grupos de carimbozeiros, tornando- se
um ritmo popular nas rádios e bailes da cidade.
Características
Entre as características do
carimbó podemos destacar o figurino, a coreografia, o tipo de toque dos
tambores, os instrumentos, dentre outros. Para dançar, as mulheres usam bastante
acessórios nos pulsos e pescoços, e a cabeça enfeitada por flores.
As blusas possuem uma única cor e
as saias são bem coloridas e volumosas, a fim de causar um movimento bonito
durante a apresentação. Os homens dançam utilizando calças curtas, geralmente
brancas, comumente com a bainha enrolada, costume herdado dos ancestrais
negros, que devido às atividades exercidas dobravam a bainha de suas roupas. Na
execução do carimbó não podem faltar os instrumentos principais: dois tambores,
o reco-reco, o afochê, a flauta, o banjo, o pandeiro e o ganzá.
A coreografia normalmente é
iniciada pelos homens, que convidam as suas parceiras para dançar, batendo
palmas. Já as mulheres retribuem realizando movimentos giratórios e tentando
cobrir a cabeça de seus parceiros com as saias. Além disso, a dança também pode
ser apresentada pela coreografia da tradição indígena, no qual os participantes
imitam animais ao som do tambor, a exemplo do macaco e o jacaré.
Com o tempo, o carimbó foi
ganhando notoriedade e atualmente está ligado a diversas comemorações
religiosas, como a festa que acontece todos os anos em homenagem ao santo São
Benedito, no município de Bragança. Além desse evento, também é comemorado o
“carimbó pro santo” em Santarém Novo. Devido a essa ligação com os festejos
religiosos, o ritmo paraense conquistou em 2014 o título de Patrimônio
Imaterial Cultural do Brasil.
Artistas de destaque
Entre os artistas de destaque é
válido citar a banda Calypso, que ajudou
a difundir o carimbó para outras regiões do Brasil. Além da banda, outros
artistas regionais contribuíram para o reconhecimento da dança. São eles:
• Pinduca do grupo "Pinduca
e banda" (Belém);
• Aroldo do grupo “Revelação do
Zimba (Salinópolis);
• Ticó do grupo “Quentes da
Madrugada” (Santarém Novo);
• Lico do grupo “Beija-Flor”
(Vigia);
• Moacir do Grupo “Filhos de Maiandeua”
(Maracanã);
• Mário do grupo“Japiim”
(Marapanim);
• Elias do grupo “Raios de Luz”
(Curuçá);
• Verequete e Manoel do grupo
"O Uirapurí" (Belém);
• Amélia do grupo “Cruzeirinho”
(Soure/Marajó);
• Bigica do grupo “Sereia do Mar”
(Marapanim).
Dos artistas de carimbó, o cantor e compositor Pinduca é o mais popular nas rodas de apresentações. Confira algumas das suas músicas:
Carimbó do macaco
Eu quero ver, ô, menina eu quero
ver
Eu quero ver, você agora embolar
Eu quero ver, ô, menina eu quero
ver
O carimbó do macaco
Que eu fiz pra você cantar
É macaco caco macaco
Macaco, macaco au
O macaco ó do macaco
O macaco do macacal
Eu conheço um macaquinho
Que é filho do macacão
Neto do macaco velho
Que mora lá no sertão.”
Texto: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/carimbo
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