terça-feira, 19 de setembro de 2023

Educação Física e Arte - A História do Carimbó

Dança típica do estado do Pará

O carimbó é uma dança cultural da região Norte, que teve origem no estado do Pará durante o século XVII,  a partir das danças e costumes indígenas.

O nome é em homenagem ao instrumento musical indígena curimbó, tambor artesanal utilizado em apresentações artísticas e religiosas.  A junção de "curi" (pau oco) e "m’bó" (furado) significa em português: “pau que produz o som".

Os movimentos giratórios do carimbó surgiram de um típico hábito de pescadores e agricultores paraenses. Sempre ao final do dia, após terminarem suas atividades, os trabalhadores costumavam se reunir para dançar ao som dos tambores.

Assim como vários tipos de danças brasileiras, o ritmo do carimbó miscigenou-se com outras culturas e recebeu a influências africanas e europeias. O rebolado, por exemplo, é uma herança dos negros.

A integração de outros instrumentos à dança, como o clarinete, saxofone e flauta, é herança recebida dos europeus, bem como a maneira de dançar com a formação de casais.

Origem do carimbó

O surgimento do carimbó é incerto.  Sabe-se apenas que o ritmo começou a ser dançado em locais próximos aos municípios de Marapanim e Curuçá, no estado do Pará.

O historiador Agripino da Conceição revela que a dança surgiu em Marapanim, local onde também teria recebido essa nomenclatura. Na região, inclusive, o carimbó é muito cultivado. Todos os anos acontece o "Festival de Carimbó de Marapanim”. No Pará a dança é marcante na região do estuário do Rio Tocantins, Ilha do Marajó e nordeste do estado, onde a maioria dos grupos de carimbó estão concentrados.

No início, devido à imensidão do estado, a dança se dividiu em três grupos: o carimbó praieiro, o pastoril e o rural. Além disso, foram adotadas duas correntes carimbóticas: o estilo tradicional e o moderno. O primeiro, representado pelo cantador Verequete, manteve a sua estrutura musical com referencial marapaniense.

Já o segundo, representado pelo cantador Pinduca, decidiu modificar a sua estrutura, acrescentando um ritmo mais moderno. Na época, isso causou uma intensa rivalidade entre os defensores da tradição e da modernidade. No entanto, os estilos do carimbó variam de acordo com o tipo de atividade desempenhada em cada região. A diferença é percebida nas rimas que são cantadas.

No ano de 1880, o carimbó foi repreendido por forças militares e chegou a ser criminalizado do município de Belém por ser considerado “festa de preto”. O texto da Lei nº 1 028, denominada “Código de Posturas de Belém” dizia o seguinte:

“É proibido, sob pena de 30.000 reis de multa: (...) Fazer bulhas, vozerias e dar autos gritos (...). Fazer batuques ou samba. (...) Tocar tambor, carimbó, ou qualquer outro instrumento que perturbe o sossego durante a noite, etc”.

Contudo, esse cenário começou a mudar em 1960, embora ainda existisse a censura imposta pela Ditadura militar no Brasil. Belém do Pará foi a cidade de terreno fértil para o carimbó, pois foi nessa região que a dança desenvolveu suas principais características. Com isso, o carimbó deu início aos primeiros grupos de carimbozeiros, tornando- se um ritmo popular nas rádios e bailes da cidade.

Características

Entre as características do carimbó podemos destacar o figurino, a coreografia, o tipo de toque dos tambores, os instrumentos, dentre outros. Para dançar, as mulheres usam bastante acessórios nos pulsos e pescoços, e a cabeça enfeitada por flores.

As blusas possuem uma única cor e as saias são bem coloridas e volumosas, a fim de causar um movimento bonito durante a apresentação. Os homens dançam utilizando calças curtas, geralmente brancas, comumente com a bainha enrolada, costume herdado dos ancestrais negros, que devido às atividades exercidas dobravam a bainha de suas roupas. Na execução do carimbó não podem faltar os instrumentos principais: dois tambores, o reco-reco, o afochê, a flauta, o banjo, o pandeiro e o ganzá.

A coreografia normalmente é iniciada pelos homens, que convidam as suas parceiras para dançar, batendo palmas. Já as mulheres retribuem realizando movimentos giratórios e tentando cobrir a cabeça de seus parceiros com as saias. Além disso, a dança também pode ser apresentada pela coreografia da tradição indígena, no qual os participantes imitam animais ao som do tambor, a exemplo do macaco e o jacaré.

Com o tempo, o carimbó foi ganhando notoriedade e atualmente está ligado a diversas comemorações religiosas, como a festa que acontece todos os anos em homenagem ao santo São Benedito, no município de Bragança. Além desse evento, também é comemorado o “carimbó pro santo” em Santarém Novo. Devido a essa ligação com os festejos religiosos, o ritmo paraense conquistou em 2014 o título de Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil.

Artistas de destaque

Entre os artistas de destaque é válido citar a banda Calypso, que ajudou a difundir o carimbó para outras regiões do Brasil. Além da banda, outros artistas regionais contribuíram para o reconhecimento da dança. São eles:

• Pinduca do grupo "Pinduca e banda" (Belém);

• Aroldo do grupo “Revelação do Zimba (Salinópolis);

• Ticó do grupo “Quentes da Madrugada” (Santarém Novo);

• Lico do grupo “Beija-Flor” (Vigia);

• Moacir do Grupo “Filhos de Maiandeua” (Maracanã);

• Mário do grupo“Japiim” (Marapanim);

• Elias do grupo “Raios de Luz” (Curuçá);

• Verequete e Manoel do grupo "O Uirapurí" (Belém);

• Amélia do grupo “Cruzeirinho” (Soure/Marajó);

• Bigica do grupo “Sereia do Mar” (Marapanim).

Dos artistas de carimbó, o cantor e compositor Pinduca é o mais popular nas rodas de apresentações. Confira algumas das suas músicas:

Carimbó do macaco

Eu quero ver, ô, menina eu quero ver

Eu quero ver, você agora embolar

Eu quero ver, ô, menina eu quero ver

O carimbó do macaco

Que eu fiz pra você cantar

É macaco caco macaco

Macaco, macaco au

O macaco ó do macaco

O macaco do macacal

Eu conheço um macaquinho

Que é filho do macacão

Neto do macaco velho

Que mora lá no sertão.”

Texto: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/carimbo

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