Padre João de Sousa Lima nasceu em
Boa Vista do Tocantins (hoje Tocantinópolis), em 3 de setembro de 1869. Filho
de José Francisco de Araújo e de Nazária Lisboa de Sousa Lima. Padre João de
Sousa Lima passou os primeiros 10 anos de sua vida ao lado de seus pais, na
luta cotidiana de uma família pobre, mas honrada. Sua mãe sempre alimentava a
ideia de fazê-lo padre. Ele recebeu as ordens sacras em 1893, voltou a esta
cidade de Tocantinópolis como vigário da Paróquia em 30 de setembro de 1897.
Recebeu o título de Cônego em 1930. Foi deputado estadual de 1910 a 1914, foi
administrador de finanças desta cidade de 1920 a 1930, foi também prefeito
municipal durante o ano de 1945. Faleceu no dia 29 de setembro de 1947 aos 78
anos de idade, faltava um (01) dia para que completasse 50 anos que dirigia o
destino espiritual e político de Boa Vista do Tocantins, hoje Tocantinópolis.
Com seu espírito de liderança soube
conquistar muitos seguidores e fazê-los com que respeitassem seu raciocínio,
porém como vigário de Boa Vista era muito exigente e muitas vezes exagerado em
suas cobranças. Certo dia o padre perguntou a um pobre homem, com a profissão
de seleiro, se ele sabia fazer o sinal da cruz, o homem respondeu que sim,
batendo contra o próprio peito, no entanto fez o sinal da cruz de forma errada,
o padre, furioso com o tal desrespeito agarrou a mão do pobre homem e com ajuda
de seus capangas obrigou-o a fazer sinal da cruz em sua própria testa, deixando
a marca da risca de sangue naquele pobre trabalhador. Muitos idosos
tocantinopolinos falam até os dias de hoje que o padre João era muito valente e
perseguidor. Outras falácias e história em livros relatam rumores de que o
padre João tinha um romance com uma viúva denominada Januária Gonçalves Neves,
que morou com o padre e dele teria tido um filho.
Padre João conquistou muitos
seguidores, mas também muitos inimigos por causa da sua valentia e costume
ríspido de não aceitar quem contestasse suas ideologias. Ele não abrigava na
antiga Boa Vista do Tocantins os evangélicos nem os espíritas que eram vítimas
da maneira preconceituosa do padre.
A Morte do Padre João
No dia 29 de setembro – 1947 – completavam-se
os cinquenta anos da chegada do Padre João a Boa Vista. Era uma data marcante
para o padre, para a cidade e para região. E o padre João, que nos dizeres da então
professora Aldenora Alves Correia, “era ótimo em preparar solenidades”, quis
fazer uma entrada brilhosa. O padre retirou-se ao sertão para depois voltar na
tarde do dia 29 e ser recebido com festa para celebrar sua comemoração
religiosa. A entrada brilhosa teve lugar, mas de um modo muito diferente de
como o padre tinha idealizado.
Antes do meio-dia padre João e sua comitiva
deixou o lugar chamado Recanto, a 48 km da cidade para última etapa de sua vida.
Montou um cavalo e acidentou-se de forma simples e impensável, quase um absurdo
para quem passou a vida inteira cavalgando. Ao montar uma mula, a caçamba encostou
numa estaca e a espora apertou o animal, que deu uma pequena sacudida; o padre
distraído perdeu o equilíbrio e caiu, e dessa queda uma costela quebrada furou
seu pulmão causando uma hemorragia interna.
O Padre João morreu pouco tempo depois
no local. Seu filho adotivo Epaminondas, que lhe acompanhava colheu suas
últimas palavras: “Meu Deus perdoai meus pecados”.
Trechos do livro Coronelismo no extremo norte de Goiás
Pesquisador: Raeulan Barbosa
Padre João de Soula Lima |
Muito bom, professor Rauelan. Conhecendo quem foi o Padre João.
ResponderExcluir